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Por que a motocicleta cai para o lado quando se faz uma curva?

A baixas velocidades, aproximadamente abaixo de 10 km/h, para realizar uma curva é necessário virar o guidão para o lado da curva. Como as motos possuem cáster, ao virar o guidão para lado, a área de contato do pneu se desloca para o lado oposto. Isto acontece devido a área de contato estar localizada atras do centro de rotação (trail positivo).

Com a nova área de contato deslocada, o eixo que liga as áreas de contato dianteira e traseira tem sua direção ligeiramente alterada, entretanto a localização do centro de gravidade, quando observado no plano superior (coordenadas X e Y) permanece inalterado. Há uma pequena variação na altura, que será desprezada nesta explicação.

Devido ao CG estar localizado a uma distância do eixo, um momento é gerado. Quanto maior for o trail, seja por um maior cáster ou offset (leia aqui a definição dos termos que englobam a geometria dianteira) maior será o deslocamento da área de contato dianteira e, consequentemente, maior a variação da direção do eixo, gerando um maior momento que tende a tombar a moto. Chamaremos este torque de momento tombante.

Na imagem em vista superior, as elipses vermelhas representam as áreas de contato; em verde, o centro de rotação da roda dianteira; em cinza, o eixo das áreas de contato com a roda dianteira alinhada; em preto, o eixo das áreas de contato após a rotação da área dianteira. X representa o distanciamento do CG em relação ao novo eixo das áreas de contato.

Como a moto está percorrendo uma trajetória circular, existe a atuação de uma força centrífuga. Quando o momento de força centrífuga possui o mesmo valor do momento de tombamento, o sistema se encontrará em equilíbrio e a motocicleta não cairá.

A força centrífuga, segundo a segunda lei de Newton é massa vezes aceleração, e equivale a m.V²/R. Ela atua em relação ao CG que está localizado a uma distância Y do eixo das áreas de contato. Com isso o momento centrífugo equivale a Mc=Y.m.V²/R

Na imagem acima, temos a vista traseira de uma motocicleta com o guidão esterçado. Em verde, a representação do eixo das áreas de contato e as distâncias horizontal e vertical do centro de gravidade em relação ao eixo de rotação

Igualando os momentos tombante e centrífugo temos: mgx = Y.m.V²/R. Por meio da equação conclui-se que a massa do conjunto piloto-motocicleta não influência neste equilíbrio. E, para manter o equilíbrio, o condutor pode alterar: a altura do CG (Y) por meio de levantar ou abaixar o seu corpo; a velocidade; ou o raio da trajetória, de modo a evitar que a motocicleta cai para o lado. Quando a velocidade aumenta, ultrapassando o valor próximo a 10 km/h, o efeito giroscópio passa a possuir grande influência, alterando este equilíbrio.

Para curvas a alta velocidade haverá um post explicando o equilíbrio entre as forças. Nos vemos no próximo texto.