"

BLOG

Canal Marcha

O canal marcha, como o próprio nome diz indicará a marcha do veículo no decorrer da volta. Entretanto a sua aquisição nem sempre está disponível. Nesse post vamos aprender a configurar o canal no caso dele não ser aquisitado pelo sistema.

A leitura do gráfico do canal marcha é simples de ser realizada. Como o piloto utiliza apenas aqueles valores pré-definidos pelo projeto do câmbio, a sua função terá o formato de degraus. Cada patamar acima represa uma marcha do câmbio.

No post anterior, aprendemos a identificar as trocas de marcha com base no comportamento do canal rotação (rpm). Na imagem abaixo podemos visualizar os canais marcha, rotação e velocidade (de cima para baixo) para melhor exemplificar as variações que a rotação sofre ao trocar de marcha.

Pode acontecer do sistema de aquisição realizar uma leitura enquanto o piloto troca de marcha. Neste caso o piloto não estará em nenhuma marcha, com isso o sistema irá marcar ou zero indicando neutro ou um valor de fundo de escala máxima. Isso será reconhecido no gráfico por meio de um risco para cima ou para baixo entre as trocas de marcha.

Antes de criar o canal matemático da marcha vamos comentar um pouco sobre como ele é aquisitado. Há sistemas que utilizam um potenciômetro para medir a posição do câmbio. Isto só é valido para sistemas com câmbio sequencial. Conforme muda-se de marcha, a resistência altera-se, e consequentemente, a tensão também se altera. A partir da leitura da tensão do sensor o sistema de aquisição identifica em qual marcha o câmbio se encontra.

Existe uma tabela que relaciona a tensão do sinal de saída do sensor com a posição do câmbio. No caso do sensor se encontrar descalibrado o valor apresentado no gráfico pode ser um número fracionado, por exemplo 3,9 ao invés de 4. Neste cenário você deve acessar a sua eletrônica e recalibrar o sensor. O exemplo abaixo foi retirado de uma sistema de aquisição da AIM. Na tela de calibração, o engenheiro informou qual o valor medido para cada posição em marchas diferentes. Depois basta enviar essa nova informação para a eletrônica para que o sistema de aquisição gere o gráfico corretamente.

Criando um canal matemático

Sabendo que as marchas possuem uma relação proporcional a rotação do motor e a velocidade da roda motora (considerando que não há um escorregamento entre a roda e o chão) pode-se criar um canal matemático que represente esta função. Caso o veículo não possua um sensor de velocidade de roda pode-se utilizar a velocidade do veículo como referência

A maneira mais simples que há para incorporar este canal é criar um canal matemático que divida a velocidade da roda pela rotação.

Apenas realizando essa operação já será possível visualizar um canal com a função de degraus. Para se ter uma melhor visualização pode-se aumentar a escala do gráfico ou adicionar um multiplicador na equação acima (50, 100 ou 200). Na imagem abaixo temos um comparativo do canal marcha aquisitado (rosa) com o canal matemático marcha (azul). Os ruídos no canal matemático são comuns de acontecerem nas trocas de marcha, nas quais o veículo fica uma fração de segundo com o motor e câmbio desacoplados. Outra possível causa de ruído é a não sincronização perfeita durante a troca de marcha, o que leva a um instantâneo bloqueio das rodas ou a elas patinarem.

O cálculo apresentado acima só é possível de ser realizado para veículos de 4 rodas. No caso das motocicletas há uma outra variável que deverá ser considerada na equação que é o diâmetro instantâneo do pneu. O diâmetro do pneu varia conforme a inclinação da motocicleta, e o perfil de curvatura varia conforme o modelo e medida. Logo vemos que criar esse canal matemático não é uma tarefa fácil, e isso ficará para uma outra publicação.